quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Projeto Cuidar de Mim - parte 1


Cuidar melhor de mim não é exatamente uma meta de ano novo por dois motivos: o primeiro é que não foi uma decisão tomada há 6 dias; o segundo é que não é uma determinação com prazo de validade, e mesmo que houvesse ele não seria de apenas doze meses.

Dito isso, quero registrar desde já alguns avanços. Antes, ainda, confesso que a tarefa – que deveria ser bastante simples – pareceu-me excessivamente complexa. Como um jogo de sudoku (novo vício) em que não sei por onde começar. O tempo transcorre enquanto observo os quadrinhos e seus poucos algarismos iniciais. Linhas, colunas, quadrados. Busco uma solução lógica que assegure a colocação perfeita do primeiro número. A partir dele, sei que os outros virão.

Assim tem sido a observação da minha vida. Sim, antes de começar a organização, é preciso observar, detectar falhas, traçar algum plano. Decidir o que deve ser dispensado, determinar onde guardar o que está fora de lugar, perceber o que está faltando e como/onde conseguir. Porém, quando não se sabe nem por onde iniciar o plano, bem, estagnar não é uma boa escolha. A contemplação deve ter fim, e a ação deve começar, de um jeito ou de outro. Como disse Regina Brett, “when in doubt, just take the next small step” (quando estiver em dúvida, apenas dê o próximo pequeno passo).

É óbvio que não sou a única com a sensação de que algo está faltando, algo está errado, algo está incomodando, sei lá, algo tem que mudar. Por alguma razão, eu sempre soube (porque, é claro, eu mesma decidi isso) que não teria força de vontade para me empenhar na implementação de melhorias em outras áreas da minha vida enquanto a afetiva estivesse uma bagunça. Cada pessoa sabe (ou deve saber) por qual prateleira começar a arrumar o armário. Qual cômodo deve receber prioridade na hora da faxina. Porque se não der tempo de limpar tudo... Não é?

Então agora essa área está muito bem, obrigada. Mas perceba: eu disse que está bem, não disse “resolvida”. Qual a diferença? Simples: o amor guardado dentro da gente, buscando quem o mereça, não é exatamente um problema que careça de solução. Além disso, e mais importante ainda, “solução” pressupõe “desfecho”, “termo” (até mesmo na medida em que representa o fim de um problema), e o amor está longe disso.

Amor é cultivo. É diário. É contínuo. Muitos amores terminam não por motivos terríveis como traições e desilusões, mas por mera desatenção. Há casos em que a sintonia termina (ou simplesmente se constata que ela nunca existiu), e terminam lado a lado dois desconhecidos. Em outros, a intimidade é superestimada e termina o encanto. Grosserias, indelicadezas, descontar frustrações. Logo com a pessoa amada? Como assim? Descontar no chefe seria melhor, mas ninguém o faz.

Existem casos, também, em que uma pessoa tem grandes sonhos, e seu par não oferece um mínimo de suporte, sequer emocional. Em alguns casais, há aquele que brilha, que se destaca, que cresce, e o outro fica à sombra até desaparecer. Em outros, a ternura simplesmente se esvai, na rotina cinza e fria, e então quais os motivos para permanecer ao lado de alguém sem carinho, solidariedade, respeito, cumplicidade, calor? Tem também aqueles que se unem exclusivamente por atração física, que não basta para segurar a barra do dia-a-dia.

Deve haver ainda outras milhares de possíveis razões para um amor não sobreviver, e apenas uma para que ele prospere: a vontade de ambos. Aquele cuidado constante e eterno por quem a gente quer bem.

No casamento dos meus amigos Tati e Felipe, o celebrante (Des. Salvatore Astuti) disse que quem quer ser feliz deve continuar solteiro. Casamento é para quem quer fazer feliz. Ontem fez um mês que eu e o Dé estamos morando juntos, e nesse tempinho tenho confirmado, a cada dia, a verdade desse pensamento.

Não tenho nenhuma dúvida de que o sucesso de uma união só é possível quando ambos estão dispostos a abrir mão de muita coisa em nome da felicidade de seu amor. Assim, nenhum fica desatendido, já que um cuida do bem estar do outro. Não tem lugar para egoísmo numa vida a dois, pelo menos não numa que seja feliz.

É por isso que o Dé vai de ônibus para o trabalho e deixa o carro dele comigo quando tem reunião muito cedo, pra que eu possa dormir mais um pouquinho. É por isso que eu preparo algo para comer à noite mesmo que eu não esteja com fome. É por isso que ele lava a louça depois que eu termino de cozinhar. É por isso que eu lavo as roupas dele. E assim por diante. Também por isso que a gente conversa, compartilha, acrescenta e apoia um ao outro, sonha junto.

Dizer que o amor requer cuidados contínuos pode dar a impressão de que é um trabalho desgastante, quando, na verdade, é a coisa mais gratificante que existe. Mas, por falar em gratificação, isso leva à próxima prateleira que pretendo arrumar. Estando a afetiva em ordem (e em constante manutenção), é hora de começar a dar um jeito na material.

Eu não gosto de falar de projetos em andamento, e sim de resultados, portanto, aguardem novidades. Mas tenham paciência! Como eu disse, cuidar de mim não é a meta do ano, e sim de uma vida. Apesar da pressa para organizar a minha vida no aspecto material, isso exige cautela e passos precisos. Talvez as próximas notícias não cheguem nesse ano ainda. Mas chegarão.

By the way, feliz 2010!

Beijinhos

5 comentários:

  1. "Por alguma razão, eu sempre soube (porque, é claro, eu mesma decidi isso) que não teria força de vontade para me empenhar na implementação de melhorias em outras áreas da minha vida enquanto a afetiva estivesse uma bagunça".

    Interessante... comigo é a mesma coisa, bastando que a palavra "afetiva" seja substituída por "material". Às vezes eu tenho essa nítida impressão: a que só vou ter forças para resolver esta minha porcaria de vida afetiva quando eu for financeiramente independente. Talvez porque a independência financeira esteja, para mim, diretamente ligada às várias viagens que eu quero fazer (com as amigas), ao carnaval de Salvador que eu ainda quero desfrutar (solteira), ao gostinho de morar so-zi-nha e ter um quarto dominado por cores e adornos "de mulherzinha"! kkkk Deve ser também porque eu só vou me sentir verdadeiramente segura e menos menina quando eu for capaz de prover todas as minhas necessidades com meus próprios esforços, sem qualquer contribuição dada de má vontade por meu pai ou com extremo sacrifício por minha mãe. É, acho que é isso.

    Talvez eu ainda não tenha me acertado com ninguém porque eu mesma não estou preparada. Então fico fantasiando e cobrando demais das criaturas que cruzam o meu caminho. Crio um indivíduo que talvez nem exista e me decepciono ao mínimo sinal de que o meu novo romancezinho não se encaixa no que eu sonhei. Pior; não tenho paciência para falhas alheias (embora tenha muitas), e identifico falhas o tempo todo.

    Então, o que me resta é fazer votos a mim mesma de que eu passe rapidamente no concurso dos meus sonhos (suspiros) ou, ao menos, e, por hora, no exame da OAB!! Acho que a partir daí as coisas podem começar a entrar nos eixos!

    Paro por aqui. Mais um pouco e esse comentário vira uma sessão de psicanálise!! Mas, ta aí... isso é sinal de que o texto realmente me fez pensar! Gostei muito, Oksana! =)

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  2. Ai, Natasha, estuda aí pra esse concurso, viu? Porque aliar OAB e independência financeira (contando com carnaval em Salvador, viagens mil, morar sozinha e tudo o mais que o sonho colorido inclui) está cada dia mais difícil! Palavra de quem está nessa vida há três anos!

    É isso aí, a gente não pode deixar nenhum campo da vida totalmente desatendido, porque o desequilíbrio acaba estagnando ainda mais, mas sempre é possível definir prioridades!
    Se a sua for essa, foco, menina! Estude mesmo que o resultado vai valer a pena!

    Torço muito! ;)

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  3. Obrigada!! Pois é... eu sei que é complicado mesmo. Esse é um dos motivos pelos quais eu não quero seguir a carreira de advogada. Na realidade, nunca quis. Mas quero ter pelo menos a experiência, sabe? E aquela sensação de: "pronto, comecei a fazer alguma coisa". =)

    Quanto aos concursos, venho estudando já! Estou esperando os que me interessam. Dou notícia quando passar. Espero que não demore! E boa sorte pra você nos seus projetos também!

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  4. Bom, eu defendo a advocacia, gosto demais. Mesmo sendo funcionário público, hum!

    Mas, quanto ao amor, é isso mesmo: a chave do romance é paciência e concessão. O tempo todo abre-se mão, tolera-se, respira, segura a onda. Porque o outro vale a pena. Vale mais que a própria vontade, de ter tudo do exclusivamente do seu jeito, no seu prórprio tempo. Eu vivo num quase termina eterno, uma questão de gênios terríveis juntinhos em uma cama que podia ser um pouquinho maior. Mas, mesmo com tudo, com as confusões, com uma sogra que me detesta, com a minha mania de esquecer toalha molhada em cima da cama, lá se vão dois anos ao lado daquela branquela. É assim :)

    Bjs!

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  5. que lindo! super me identifiquei. é por isso q o diego acorda mais cedo, pra dar tempo de me levar pro trabalho (eu entrava 1h antes dele!!!). lavar roupas (subentenda-se as cuecas) faz parte e eu não reclamo disso.
    ;) boa sorte em 2010!

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