quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Música no Paço da Liberdade e livros usados por aí

No horário de almoço de hoje fiz algo bem inovador: não almocei. Mas, calma, foi por um bom motivo. Andei sob o sol escaldante de meio-dia até a Praça Generoso Marques, a um quilômetro de distância. Meu destino era o Paço da Liberdade, que faz parte de um projeto de revitalização urbana chamado Arqueologia da Memória.

O prédio, construído no início do século passado (entre 1914 e 1916), é o único de Curitiba tombado nas três instâncias: municipal, estadual e federal. O Paço serviu de sede da Prefeitura, abrigando o gabinete de 42 prefeitos, sendo o último em 1969. Cinco anos depois, tornou-se sede do Museu Paranaense até 2002. De 2008 até 2009, o antigo prédio passou por uma grande restauração promovida pelo SESC/PR, e  passou a servir de espaço para diversos tipos de manifestação artística.

Eu nunca tinha estado lá dentro, mas já admirava o edifício por fora. Hoje tive a oportunidade de subir suas escadarias a admirar os detalhes internos da arquitetura restaurada pelos artesãos. Além disso, vi a exposição "Ler Vendo, Movendo", de Arnaldo Antunes, e assisti ao concerto solo (em princípio) para bandolim com Daniel Migliavacca. O concerto acabou não sendo exclusivamente solo, porque Daniel aproveitou a oportunidade para convidar o também bandolinista e compositor Jorge Cardoso para se apresentar para o público que lotou a platéia. Infelizmente, não pude ficar para ver os dois tocando juntos, porque o Daniel começou a tocar deselegantemente 30 minutos atrasado. Ainda bem que a bela música compensou esse deslize!

É sempre impressionante ver a perfeita integração entre um artista e seu instrumento musical, quando os dois parecem ser um só. Para quem ouve, a impressão é de que deve ser muito fácil produzir aquelas notas e acordes. Mas ao observar os movimentos ágeis e precisos do instrumentista, e a expressão de seu rosto num quase transe, nota-se que o entrosamento é resultado de anos de estudo, prática e dedicação intensa. Em tempos em que basta dinheiro para editar vozes e sintetizar arranjos, chamar o resultado de "música" e vender milhões de cópias, é bom demais presenciar a música de verdade sendo feita.

É uma pena que eu tenha descoberto só essa semana que, desde o dia 10 de janeiro, Curitiba está sendo palco de 90 concertos de artistas diversos, parte da programação da 28ª Oficina de Música de Curitiba, que termina no dia 31. Ainda dá tempo de acessar o site e aproveitar algumas das atrações. Muitas delas, como a que eu vi hoje, são gratuitas.

Na volta para o escritório, entrei num sebo chamado Joaquim Livraria. Pequeno, porém cheio de material de qualidade. E estava tocando uma seleção de músicas francesas maravilhosas, fiquei com a maior vontade de perguntar o que era. Mas já eram quase duas horas, e eu nem tinha almoçado ainda! Ainda acabei dando uma paradinha em outro sebo, o Só Ler, bem menos charmoso e com muito mais livros e revistas. A maioria, claro, não vale nada. Pilhas e mais pilhas de revistas velhas de fofoca e resumo das novelas (finalmente descobri algo pior do que as revistas novas de fofoca e resumo das novelas), artesanato e mulher pelada, além de incontáveis volumes de enciclopédias antigas e aqueles detestáveis romances com nome de mulher (Júlia, Sabrina, Bianca). De qualquer forma, encontrei o que eu queria: livros de exercícios de Inglês em diversos níveis, totalmente novos, sem nenhum risquinho sequer a lápis, por R$ 3,00 cada um.

Parei na panificadora da esquina e comprei uma coxinha de frango e uma esfiha de carne, que me serviram de almoço ao chegar ao escritório, esbaforida e muito atrasada. Certamente já cumpri a meta de algo inédito para o dia, mas esse negócio é viciante, e já estou pensando se arranjo um programa legal para a noite, desde que namorido se interesse em me acompanhar em mais uma aventura.

Beijos

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