segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Promoção de aniversário

Pessoal, o blog Atelier Vanessa Maurer é recheado de coisas lindas e fofíssimas para o lar. Agosto é o mês de aniversário do site e, para comemorar, a Vanessa vai sortear um cabideiro. Para participar, clique aqui e siga as regrinhas.

Eu já estou participando! Corre que ainda dá tempo! ;)

Beijos.

domingo, 15 de agosto de 2010

Um amor antigo...

Quando eu era criança, vivia pedindo coisas para minha mãe. Uma Lu Patinadora, o carro da Barbie, um Pense Bem... Não ganhei nenhuma dessas coisas, mas tive uma bicicleta Caloi Cecizinha azul (o hit entre as meninas era rosa, mas eu gostava era de azul) com cestinha, uma Amore, um Manequinho e dúzias de outras bonecas, que eram meu passatempo preferido. Minha mãe sempre fez questão de me ensinar que não era possível ter tudo. Ela trabalhava bastante para me dar tudo o que podia, mas não me transformou num monstrinho insaciável do consumismo.

Tinha uma coisa, no entanto, que eu pedia com mais frequência, e nunca desistia diante das negativas recorrentes. Eu queria um irmão. Minha mãe explicava que, para isso, precisava antes encontrar um pai para ele. Eu achava bobagem. Afinal, meu pai era uma figura quase inexistente na minha vida, e nós duas estávamos muito bem sozinhas, mas minha mãe não parecia se contentar com a minha lógica.

Eu já tinha 11 anos de idade quando finalmente ganhei o presente tão esperado: o Gabriel nasceu. Muita gente me perguntava se eu não sentia ciúmes, por ganhar um irmãozinho após reinar absoluta por mais de uma década como filha única. Eu sentia ciúmes, sim, do pequeno. Se dependesse de mim, ninguém mais o pegaria no colo além de mim. Tudo bem, eu o emprestava à minha mãe sem problemas, e até ao meu padrasto, afinal os dois detinham os direitos autorais. Mas as outras pessoas eram por demais inconvenientes.

Desde pequeno o Gabriel já era lindo e gentil. Quando tinha alguma guloseima, ele sempre fazia questão de guardar um pedaço para mim. Já eu preferia comer tudo e esconder a embalagem vazia - se ele não soubesse que o doce havia existido, não passaria vontade, certo? Cada um à sua maneira, sempre pensamos um no outro. 

O pobrezinho sofria muito nas minhas mãos quando eu resolvia dar surras de cócegas. Eu continuava até ele perder o fôlego ou dizer as palavras mágicas: "me acuda, Maria Papuda". Graças a essa prática, ele desenvolveu uma capacidade respiratória muito maior, e eu me tornei mestra imbatível na arte das cócegas.

O Gabriel sempre foi o defensor dos injustiçados. Na escola, conversava com o menino excluído por ser esquisitinho, não achava graça quando chamavam um mais delicado de viadinho e brigava com os guris que maltratavam o bolsista por ele ser pobre. Eu tentava ensiná-lo a se defender da violência dos truculentos, mas ele jamais teria coragem de machucar alguém. Então tive que me conformar. Afinal, eu também era do tipo que apanhava na escola, e sobrevivi sem maiores sequelas.

Ao longo de sua infância, meu irmão ganhou de mim diversos apelidos carinhosos, dentre os quais, um dos mais marcantes foi "pequeno semiletrado". Agora o menino está todo inteligente e estragou toda a graça para mim. Cabeção e suas variações (Cabeçote, Cabeça, Cabeçola, Cabeçudo), porém, seguem com força total. Quando minha mãe registrou o nome dele na agenda do celular como "Gabriel Cabeção" ficou claro que não tem mais volta.

Falando assim, pode parecer que eu fui (ou sou) uma irmã cruel. A verdade é que eu, pensando exclusivamente no bem do meu pequeno irmão, sempre fiz questão de prepará-lo para as adversidades que enfrentaria no mundo lá fora. 

Brincadeiras à parte, como a diferença de idade entre nós é bem grande, eu sempre fui muito protetora. Ainda hoje sou assim: se alguém faz alguma coisa contra mim, penso um milhão de vezes se vale o esforço de tomar uma atitude defensiva. Mas ai de quem mexer com meu irmãozinho! Viro bicho!

A primeira menina de quem ele gostou era uma monstra. Gordinha e muito maior do que ele, que era o mais baixinho da sala. Quando perguntei se não a achava grande demais para ele, respondeu: "não, ela é só uma cabeça maior que eu". Ah, bom, então tá. Depois, descobriu o gosto pelas orientais, e o coração passou a palpitar cada vez que via uma japonesinha.

Existe algo de diferente no amadurecimento de meninas e meninos. Elas crescem um pouquinho a cada dia, de forma gradual e harmoniosa. Eles não: desenvolvem umas partes antes das outras, esticam da noite para o dia, desafinam a voz por meses e passam por fases muito estranhas. Então é algo surpreendente para uma irmã mais velha quando, num dia qualquer, aquele garotinho franzino se transforma num homem lindo.

Hoje faz 17 anos que minha mãe trouxe ao mundo esse presente tão especial para todos que têm a sorte de conhecê-lo. Fisicamente, só foi mais lindo do que é hoje naquela época em que eu queria ter exclusividade de colo. Era um bebê tão fofo... Hoje é um gato! 

Além da beleza física, tem um coração de ouro. Continua gentil, atento às necessidades alheias, justo, honesto, sincero e cheio de amigos. Como homem da casa, cuida bem da nossa mãe. Como irmão, não poderia ser melhor. 

Tenho certeza de que vou conservar a mania de cuidar dele por toda nossa vida. Mesmo quando ele pensar que já sabe se virar sozinho. Esse cuidado de irmã mais velha não vem só de laços consanguíneos, vem do amor de quem já esperava por ele desde sempre.

Feliz aniversário, Cabeção! Amo você!

Beijos da irmã preferida.

Os homens da minha vida: Dé e Biel

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Cuidando do meu nariz! Parte 2

Então, passados tantos anos, embora as lembranças torturantes da minha primeira ronoplastia ainda permaneçam vívidas em minha memória, resolvi que era chegada a hora de superar o trauma e buscar a realização daquele velho sonho de respirar. Minha colega de escritório tem uma amiga anestesista, que trabalha num hospital especializado em otorrinolaringologia. Essa pessoa fez uma listinha dos profissionais cujos pacientes têm os melhores resultados e saem mais satisfeitos com seus novos narizes.

Munida dessa lista de indicações, mirei nos dois primeiros. Um deles tinha agenda lotada pelos 2 meses seguintes e o outro não atende por convênio. Diante disso, considerei que a terceira colocação na lista não devia ser ruim. Marquei a consulta com o Dr. Medalha de Bronze.

O médico me pareceu confiável. Cara de caxias, estudioso, o que é um bom sinal num médico. Sempre asseverando que não queria ser anti-ético, deixou claro que a minha primeira cirurgia foi um horror. Achou absurdo eu ter tomado anestesia geral, a cirurgia ter demorado 3 horas, eu ter usado tampão, disse que além de o meu desvio de septo não ter sido corrigido, a situação foi agravada pela formação de cicatrizes grandes por dentro do nariz que impediam ainda mais a minha respiração. Afirmou ter certeza de que havia alguma espécie de enxerto na ponta do meu nariz, aquela que um dia foi a mais feia do mundo.

Marquei a cirurgia, fiz todos os exames necessários, consultei com o anestesista e voltei a consultar o otorrino 4 dias antes da data da operação. Conversamos sobre o pré e o pós operatório e recebi as recomendações necessárias. O médico fez mais um exame, ressaltando que a minha primeira cirurgia deixou meu nariz torto, mas que nisso ele não ia mexer. Perguntei então se não era possível corrigir também esse problema.

Esperava que a resposta fosse uma das alternativas a seguir: a) bem, isso implica numa correção estética, que seu plano não cobre, portanto vai lhe custar tantos milhões de reais; b) farei o possível, mas não posso prometer um resultado excelente porque é muito difícil corrigir uma cirurgia anterior; c) essa não é minha especialidade, então talvez você queira procurar outro médico.

Porém, o que ouvi foi: "Não, vamos só fazer você voltar a respirar. Depois você liga para o médico que te operou e diz que quer uma revisão". Ehm... Cuma? Ligar para o médico que o Sr. disse que destruiu meu nariz, depois de 10 anos, e dizer que quero a revisão dos 100.000 km? Evidentemente que se eu estivesse contente com o trabalho dele não haveria razão para estar buscando outro médico depois de uma década.

Mas ele estava irredutível: "Veja, é muito complicado mexer no trabalho de outro cirurgião... Vamos mexer só no septo, depois se você quiser arruma o resto". Sim, claro, posso muito bem tirar férias de novo, pagar instrumentação cirúrgica de novo, comprar remédios de novo, passar por duas cirurgias, dois períodos de recuperação, duas internações... E o Dr. assim concluiu: "Vamos fazer só isso, que assim eu fico mais tranquilo".

Bem, se é para deixar o médico tranquilo, faço qualquer coisa. Penso que seja obrigação de qualquer paciente consciente fazer tudo que estiver ao seu alcance para tranquilizar o médico que vai meter um bisturi no meio da sua face. A última coisa que queremos é ver essa pessoa nervosa, certo? Diante disso, resolvi tomar uma atitude que deixaria o Dr. Medalha de Bronze extremamente sossegado: desmarquei a cirurgia.

Imagina se chega um cliente em potencial ao meu escritório e conta que está sendo atendido por um advogado incompetente, que perdeu o prazo para protocolar um recurso, e que gostaria que eu assumisse a causa e fizesse o possível para reverter a situação. Eu olho para o cara e digo: "Olha, se você tiver alguma coisa mais fácil de ganhar, pode deixar que eu resolvo para você. Mas quanto a esse problema difícil, você liga para o irresponsável que está te representando no processo e diz que é pra ele continuar fazendo a mesma merda. Assim eu fico mais tranquila."

Marquei consulta então com os dois primeiros da lista, como devia ter feito antes. Um só tinha consulta para dali a duas semanas. O que não tem convênio, obviamente, tinha consulta para o dia seguinte. Esse médico me foi recomendado como o melhor em termos de estética. É um otorrino extremamente competente, professor e chefe do setor de Otorrinolaringologia da UFPR e, no que se refere à estética, foi definido pela anestesista que trabalha no hospital como um artista.

Eu sabia que pelo menos a consulta eu tinha condições de pagar. Além disso, o meu maravilhoso plano de saúde, que tenho graças ao emprego lindo do meu marido lindo, também cobre, ao menos parcialmente, procedimentos com médicos não conveniados. Então, valia a pena conferir se tinha jeito.

Já na consulta, concluí que o Dr. Marcos Mocellin era a escolha mais acertada. Não só pela experiência e pelas recomendações (várias outras pessoas também me garantiram que ele era excelente), mas pela confiança que ele passa, pelo modo atencioso e honesto que me atendeu. Explicou que realmente não seria fácil corrigir a primeira cirurgia, pois o tecido cicatrizado é fibroso, além de ele não saber o que iria encontrar ao abrir meu nariz. Também disse que aquilo na ponta parecia um enxerto.

Foi então que meu nariz ganhou o apelido (dado por mim) de Kinder Ovo, porque só ao abrir o Dr. Medalha de Ouro saberia o que tinha dentro. O Dr. Marcos disse, então, que não poderia me prometer o nariz mais lindo do mundo, pois o caso apresentava limitações próprias, mas que faria o melhor possível e, sem dúvida, melhoraria o aspecto estético e corrigiria totalmente a parte funcional. Era o que eu queria ouvir.

Ele explicou da dificuldade que é tentar corrigir o trabalho de outro profissional, porque é o nome dele que ficará associado ao resultado que eu tiver, e não do primeiro, que fez a bobagem. E é tão verdade que não cito aqui o nome do cirurgião que estragou meu nariz (que poderia pleitear uma indenização por danos morais seu eu fizesse isso, e eu prefiro não me arriscar), mas cito o do Dr. Marcos, que o consertou. Claro que só faço isso porque estou satisfeita com o resultado, que não é o nariz da Barbie (que nem combinaria com meu rosto), mas está de fato mais harmonioso e, o melhor, funcionando perfeitamente.

Após consulta do maridão ao setor responsável em sua empresa, descobrimos que o maravilhoso plano de saúde cobriria a maior parte do custo orçado para a cirurgia. Obviamente, marquei a operação para o primeiro dia em que o Dr. Marcos tinha horário disponível.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Cuidando do meu nariz!

Bem, queridos, estou de volta ao trabalho. Oi? Você não sabia que eu estava de férias? Sim, claro, estava ocupada demais fazendo nada para vir aqui e escrever que estava de férias. Mas agora acabou. 

Em sentido geral, pode-se dizer que voltar ao trabalho é uma coisa boa. Significa que sou um ser humano capaz e produtivo, que tenho uma ocupação, um meio honesto de obter uma contraprestação por meus serviços, possibilitando que eu pague minhas contas, adquira coisas que eu quero, realize sonhos, conquiste objetivos. Em sentido estrito, porém, significa apenas que em vez de estar de pijama embaixo das cobertas vendo Two and a half men estou com as mãos congelando no teclado, cheia de prazos a cumprir. Saco.

Essas minhas férias fugiram completamente à ideia glamourosa de viajar, escapar desse frio tenebroso, conhecer outros lugares, tomar marguerita no bar da piscina, aquela coisa básica. Tirei duas semanas para incorporar a sabedoria dos nossos irmãos ursos e hibernar. Passei tanto tempo deitada - dormindo, lendo, assistindo à TV ou comendo - que meu corpo está inteiro dolorido, ainda tentando se habituar novamente à posição vertical. 

Aproveitei também para fazer uma pequena intervenção cirúrgica em meu nariz, para realizar um velho sonho... Respirar. Ah, a alegria das pequenas coisas... 

Na verdade eu já fiz uma rinoplastia há 10 anos. Embora tenha melhorado um pouco o aspecto estético do meu nariz - que era simplesmente MEDONHO - a cirurgia não ajudou em nada na parte funcional. E graças à minha impossibilidade quase absoluta de respirar pelo nariz, com o tempo fui ganhando cada vez mais problemas: uma tosse constante, manchas nos dentes e até uma alteração progressiva da minha arcada dentária superior, prejudicando minha mordida. 

Mesmo assim, operar o nariz DE NOVO não foi uma decisão nada fácil, porque a primeira vez foi bastante traumatizante. Eu não sou de fazer drama à toa, suporto a dor com relativa facilidade e aquela nem foi a minha cirurgia mais difícil, mas acredite: eu sofri. 

Primeiro que o meu cirurgião era um poço de sensibilidade. Na primeira vez que me examinou, comentou com o médico residente ao seu lado: "Olha a ponta desse nariz! Sério, nunca vi uma ponta de nariz tão feia na minha vida!". E eu tipo: "Ahm, com licença, não quero incomodar, mas... Eu estou aqui."

Além disso, não sei se foi somente o fato de as técnicas cirúrgicas serem mais primitivas à época, se o meu nariz além de ter a ponta mais feia do mundo ainda era o mais difícil de operar do universo ou o cirurgião não era dos melhores, mas eu acordei da anestesia completamente desfigurada. Claro que eu não sabia disso, já que estava lentamente despertando de uma anestesia geral, e não tinha como entender porque as pessoas que tinham conversado comigo alegremente horas antes (outros pacientes que conheci enquanto esperava ir para o centro cirúrgico) me olhavam como se eu fosse uma estranha. "Devem estar bem loucos da anestesia", eu pensava.

Aí a enfermeira vinha, muito gentil, e enxugava com um chumaço de algodão as lágrimas que escorriam do meu olho direito. Nunca as do esquerdo. Quando consegui erguer a mão até os olhos descobri a razão: o que escorria do meu olho direito não eram lágrimas, mas sim sangue que saía do meu nariz e entrava no olho. Até que a gênia da enfermeira finalmente teve a ideia de reclinar um pouco a cama, de modo que o sangue escorresse só por baixo, a não por todas as partes.

Meu rosto estava inteiro inchado e cheio de hematomas. Até minhas gengivas e meu céu da boca incharam. Parecia que tinham tocado fogo em minha face e apagado com um tamanco holandês. De repente, um sopro de conforto em meio ao sofrimento: minha mãe surgiu na porta da sala, procurando por mim. Eu disse "oi", e ela continuou procurando por mim. Chamei, ela me olhou, e continuou procurando por mim. Eu estava ainda muito atordoada para entender a verdade: minha mãe não me reconhecia. Quase tive que lembrar de algum segredo só nosso para dizer e provar que eu era eu mesma. Quando finalmente ela se convenceu de que aquela figura disforme era sua filha, com sua voz doce, disse-me: "já volto" e foi lá fora desmaiar.

Os dias seguintes foram bem difíceis. Eu sentia dor o dia todo. Queria morrer quando as pessoas apareciam pra me visitar. Minha mãe dizia: "Mas como vou dizer para não virem?", e eu: "Dizendo! Fala que tenho uma doença infecciosa e mortal!". Mas minha mãe, presa às convenções sociais, achava falta de educação. Hoje me pergunto se ela não estava secretamente cobrando ingresso dos visitantes.

Depois de uns dias, voltei ao consultório do médico para tirar o tampão, forma moderna de tortura, consistente em pedaços quilométricos de gaze embebida em pomada, socada nas vias nasais até as proximidades do cerebelo. As secreções e o sangue tendem a ressecar dentro do nariz, fazendo a gaze aderir ao tecido em processo de cicatrização. Feito isso, num exercício extremo de sadismo, o algoz médico puxa a gaze com uma pinça, descolando pedaços da alma do paciente no processo.

Findo o sofrimento, terminei com um nariz esquisito, torto, com uma ponta excessivamente arrebitada, e o melhor: respirando exclusivamente pela boca. Meu cirurgião, sempre sensível aos anseios da alma feminina, concluiu: "Não ficou dos 10 mais bonitos, mas, comparado ao que era, acho que está ótimo!".

Agora aposto que você entende porque demorei mais de 10 anos para reunir toda coragem necessária para enfrentar a faca de novo. 

Bem, como disse, estou de volta ao trabalho, o que me impede de passar o resto do dia escrevendo no meu blog. Sim, eu sei, trabalhar é super inconveniente. Vou almoçar agora, e amanhã ou depois eu volto para contar o restante da aventura.