quinta-feira, 30 de setembro de 2010

The way I am


Sempre me disseram como me comportar. Não fale de boca cheia, mastigue de boca fechada, cruze as pernas ao sentar, fale baixo, não interrompa quando alguém estiver falando. A soma de anos à minha idade não diminuiu o número de instruções, cada vez mais complexas. Estude para as provas, não use drogas, não ande em más companhias, não banque a adulta, não se faça de criança, abaixe o volume do som, não faça sexo, mas use camisinha. 

Cresci, aprendi a dirigir, fiz faculdade, arranjei emprego, meus quatro terceiros molares (sisos) nasceram, mas continuei ouvindo conselhos não solicitados sobre quem e como eu deveria ser. Não vote em tal partido, não faça sexo antes do terceiro encontro, não seja sarcástica, não demonstre interesse por quem você está interessada.

Ouvi incontáveis dicas de como eu poderia ser uma pessoa melhor. Nunca faltou gente para apontar minhas falhas, meus vícios, minhas imperfeições. Sempre houve quem tentasse me convencer de que eu devia mudar muitas características minhas, mesmo algumas das quais eu mais gostava, caso contrário não seria _________________ [preencha a lacuna com o adjetivo que preferir: feliz, amada, bem-sucedida, respeitada, reconhecida...].

Um dia conheci alguém que não me diz o que fazer e não me pede para mudar. Não me cobra resultados, não exige que eu me adapte, não critica meu jeito de ser. Lança-me diariamente olhares de admiração, respeito, carinho, paixão. 

Nunca ouvi dele que minhas piadas estragam nossos momentos românticos. Ele se diverte. E depois de cada gargalhada ouço um sonoro: eu te amo! Ele apoia minhas decisões, participa dos meus planos e está totalmente inserido nos meus sonhos. Reconhece as minhas virtudes, inclusive aquelas que ninguém antes havia se interessado em enxergar. 

Não sei se um dia alguém já quis que ele mudasse alguma das características que eu amo, mas fico feliz que ele seja exatamente como é, e que me ame exatamente como sou. Isso me faz pensar como todos podemos ser perfeitos, dependendo de quem é o crítico da obra.

Hoje faz dois anos que eu tenho um amor perfeito, e só posso agradecer, sempre, por ele existir, por ser quem é e pela sorte que eu tenho... Porque ele me ama do jeito que eu sou. :)


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Voto consciente

Clique para ver em tamanho maior
Em época de eleições, muita gente fica perdida, sem saber quem escolher, já que, na propaganda, todos os candidatos parecem cheios de boas intenções (igual ao inferno...). É comum também ouvir que "votar é um saco"... Mas é só estudar um pouquinho a história do nosso país pra entender que o direito ao voto foi conquistado com muita luta e sofrimento por pessoas que, muitas vezes, nem tiveram a chance de exercer esse direito que nos foi dado de mão beijada... 

Foi o caso, por exemplo, do famoso cartunista Henfil (autor das charges que ilustram esse texto), irmão do militante Betinho, exilado durante a ditadura militar. Henfil fez de seu traço e de seu humor armas sutis contra o regime militar. Assim como seus dois irmãos, Henfil herdou da mãe a hemofilia. Por conta disso, os três contraíram o vírus da Aids em transfusões sanguíneas. Depois de muita luta pela democracia, Henfil morreu de Aids, aos 44 anos de idade, sem nunca ter votado para presidente.

Também foi o caso de tantos torturados e mortos nos porões do DOI-CODI. Tanta gente obrigada a atuar na clandestinidade simplesmente para manifestar seu pensamento sem sofrer consequências nefastas! Hoje temos a liberdade tão fácil que não damos a ela o valor que merece. Podemos divulgar à vontade até a mais patética das ideias, desde que não seja difamatória, racista ou consista em qualquer tipo de crime. 

Então eu não concordo que votar seja um saco. É trabalhoso, sim. Mas veja: a gente não compra uma casa sem antes pesquisar se o preço está de acordo com o mercado, sem conhecer o bairro, a vizinhança, sem checar a estrutura, verificar se a documentação está correta... A gente não vai fazer o financiamento ou assinar o cheque sem verificar tudo isso, só porque o anúncio no jornal diz que é uma oportunidade imperdível, certo? Dificilmente alguém (que tenha opção de escolha, claro) decide a escola em que o filho vai estudar sem ter qualquer informação sobre o lugar, os professores, a direção, o método de ensino... Mesmo que o comercial na televisão mostre criancinhas felizes e sorridentes, os pais vão querer ter certeza de que estão fazendo a melhor escolha, dentro de suas possibilidades.

Ao votar, escolhemos nossos representantes, que tomarão em nosso nome decisões que traçarão os rumos do nosso país pelos próximos anos. Por que deveríamos escolhê-los só pelo que vimos na propaganda eleitoral gratuita, ou porque recebemos um santinho na rua, ou porque um conhecido disse que vai votar em tal pessoa? Um direito conquistado com tanto sacrifício merece ser trocado por algum favor de um candidato que já mostra seu caráter antes das eleições comprando votos? Será que é certo se deixar levar por notícias tendenciosas de jornais, revistas e emissoras de TV/rádio que têm seus interesses fortemente comprometidos com determinados candidatos ou partidos? E ainda: devemos acreditar em qualquer corrente cibernética que recebemos por e-mail sem atestar a veracidade ou confirmar a fonte das informações?

Acredito que, para fazer valer a democracia, precisamos cada vez mais escolher com cuidado, fiscalizar os eleitos, e exigir que façam o trabalho para o qual foram escolhidos com honestidade, que honrem o compromisso firmado com a sociedade.

Para quem conhece o valor de seu voto e deseja fazê-lo de forma consciente, felizmente, já temos à nossa disposição muitos mecanismos para investigar o passado, as propostas e as campanhas dos candidatos. Compartilho alguns desses mecanismos com vocês:

O site Transparência traz várias informações interessantes. Dentre elas, destaco o relatório de autodoações de campanha. Muitos candidatos supostamente "doaram" para a própria campanha valores muito superiores ao total de seu patrimônio. Por exemplo: o fulano possui patrimônio total no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), e doou para a própria campanha o valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). De onde veio esse dinheiro? Qual o salário que essa pessoa precisaria ganhar para ter uma reserva dessas? Ou o candidato não declara a totalidade de seus bens, ou não declara a proveniência do dinheiro de sua campanha! 

O site Excelências acompanha os parlamentares em exercício no país. É possível saber quem sofreu alguma ação ou investigação (seja no Poder Judiciário ou no Tribunal de Contas), quem falta mais às sessões, as viagens, a produtividade, a variação do patrimônio e muito mais. 

No site Às Claras podemos verificar quem financiou a campanha de quem nas eleições de 2002, 2004 e 2006. É possível saber nome e CPF/CNPJ de cada doador ou, na ausência de qualquer identificação, dá pra desconfiar do candidato, especialmente quando grandes somas não têm sua origem explicada.

Já o Vote na Web é um site em que é possível conhecer os projetos de lei em trâmite no Congresso. Os visitantes cadastrados podem dizer se aprovam ou não a iniciativa. É bom saber se a pessoa em quem você pretende votar já fez alguma coisa que preste, ou só propôs projetos de alteração de nome de rua ou de praça e outras coisas super úteis.

O Guia Voto Consciente da Gazeta do Povo também tem informações interessantes, especialmente no Portal dos Candidatos, que mostra a declaração de bens, antecedentes criminais e prestação de contas de todos os candidatos paranaenses. A busca pode ser feita por partido, região de atuação, nome e cargo pretendido.

Existem mais iniciativas interessantes, como os sites 10 perguntas (para os presidenciáveis), Adote um vereador, Cidade Democrática e muitos outros, em diversas cidades e estados.

Em resumo, não desperdice o seu voto. Faça valer esse direito que a nossa Lei Maior nos assegura. Conheça o seu candidato, procure compreender suas propostas e perceber se elas têm a ver com suas necessidades e seus anseios. De repente o principal projeto do seu candidato é aumentar o efetivo de policiais nas ruas, mas você pensa que investir na educação e na saúde é o caminho mais inteligente para diminuir a criminalidade. E aí? Será que não existe outro candidato com planos mais alinhados com o que você acredita?

Por fim, mesmo que o seu candidato não se eleja, não deixe de fiscalizar o que os eleitos andam fazendo. Mande e-mails, telefone para o gabinete, denuncie na internet sempre que um deles trair a nossa confiança. O que está em jogo é o seu futuro e o das pessoas que você ama!

Clique para aumentar

Abraços e bons votos a todos! ;)

Oksana