sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Projeto Cuidar de Mim - parte 4

As pessoas mais interessantes que eu conheço são aquelas tomadas por algum tipo de inquietude interna. Não são necessariamente agitadoras sociais, excessivamente impulsivas ou dadas a manifestações efusivas. Muitas vezes possuem o semblante tranquilo e a fala mansa. Mas ao descerrarem o peito e revelarem o que lhes vai no âmago - coisa que fazem com sobriedade e cautela - é possível ao observador mais atento constatar o que têm em comum. Uma incapacidade de se conformarem, de se acomodarem aos moldes que lhe são sugeridos.

Sabe aquela pessoa com quem um dia, sem saber bem porque, talvez numa mesa de bar, a partir de um assunto aleatório você acabou se enveredando em profundas divagações sobre a origem e o destino da humanidade, elocubrações sobre as razões e o sentido da vida, inspirações mil sobre o sentido do universo? Gente que gosta de pensar um pouco, como se diz, outside the box, ir além do papinho brabo sobre as notícias (?) da vida dos famosos, lidas em revistas e sites de fofocas. Eu confesso que às vezes só de olhar para uma pessoa eu concluo que ela não serve pra esse tipo de conversa, o que é um preconceito da minha parte. É tão bom quando a gente se surpreende com a revelação de um inconformado sob as vestes de um bem-ajustado cidadão. Não é à toa que um dos sinônimos para revelar é rebelar-se.

O que isso tudo tem a ver com o meu projeto pessoal? É que a minha ideia de cuidar bem de mim tem muito a ver com o conselho do professor de Sofia no best seller de Jostein Gaarder: "Não quero que você pertença à categoria dos apáticos e dos indiferentes. Quero que viva a sua vida de forma consciente".


Assim quando digo que estou em busca de algo diferente - um despertar de consciência, novas formas de coexistir, um caminho para algo maior, um sentido para a existência - não significa, necessariamente, que para ter sucesso na minha empreitada, eu precise encontrar alguma coisa. Talvez o sentido esteja na própria busca, a beleza da viagem pode estar no caminho, e não no destino final. Uau, como acordei filosófica hoje. Deve ter sido alguma coisa no café da manhã.


A proposta de experimentar coisas diferentes é toda muito legal, por vários motivos. Sinto-me muito mais viva. É ótimo deitar na cama à noite e lembrar de um dia em que algo, de fato, aconteceu, para além das minhas fantasias e divagações. Tão gostoso saber que não permiti que transcorresse um dia inteirinho da minha vida sem aprender nada, sem conhecer uma pessoa, sem fazer algo de bom pra alguém (nem que esse alguém seja eu mesma). Tão insossos e, até mesmo, tristes eram os dias em que eu acordava, trabalhava, voltava para casa e não tinha nada, absolutamente nada de novo escrito no livro da minha história. Além de tudo, ainda há a vantagem implícita de sempre ter assunto, para falar ou escrever aqui.


O desafio pode parecer muito difícil, mas juro que não é. Quer um exemplo? Algo simples que qualquer pessoa pode fazer pra tornar o dia de HOJE diferente do de ontem: almoce num lugar que você não conhece ainda. Ou, ainda, depois do almoço, em vez de voltar correndo para o escritório, dê uma volta, olhe as vitrines, as árvores, conheça melhor o bairro em que você trabalha. Passando de carro a gente nunca percebe os detalhes. Vá a uma banquinha e compre uma revista de um assunto totalmente diferente do que você está acostumado a ler: games, arquitetura, softwares, ciência, religião. Só fuja das revistas de fofoca, por favor.


Segue resumex das coisas inéditas que fiz essa semana: segunda-feira conheci o Centro de Estudos Budistas Bodisatva e participei de uma meditação e estudo do Budismo Theravada. Na terça, fui a um sebo no horário de almoço e encontrei o fantástico livro da Hellen Keller, The Story Of My Life, em inglês (o que me ajuda a aperfeiçoar o vocabulário), comprei e comecei a lê-lo. À noite conheci o Gaya Yoga Spa e fiz uma aula experimental de Vinyasa Yoga. Na quarta fui passear pelo centro na hora do almoço - e não comprei nada, o que realmente é inédito! - e à noite fiz uma aula experimental também de Vinyasa Yoga no Gandiva (deu pra reparar que estou tentando escolher uma linha e um local para praticar Yoga?). Na quinta fiz mais uma aula experimental, dessa vez de Iyengar Yoga, na Casa Máy. Depois fui ao supermercado exercitar a paciência  (a tarefa é tão enfadonha que faz a gente considerar a hipótese de se mudar pra uma comunidade hippie e produzir o próprio alimento). E, ao chegar em casa, fiz uma dúzia de chocolates eróticos, encomenda de uma amiga. Outro dia posso explicar melhor essa história. Além disso, todo dia tenho lido coisas diferentes na internet - longe dos sites de grandes conglomerados, da imprensa vendida e manipulada.

Agora estou indo almoçar com mamãe num restaurante que ainda não conheço, e depois vou entregar os  caralhinhos chocolatinhos pra minha amiga.

Amanhã prometo dar mais umas ideias para imprimir um ar de novidade nessa sua rotina cansada.

Beijos

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