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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Abrindo as asas

Acontecimentos recentes têm a cada dia reafirmado a minha convicção de que mudar não apenas faz bem, como é também um processo natural. Muitas vezes, torturados pelo peso acachapante da rotina, sentimo-nos tentados a mudar o que quer que seja. O primeiro passo nesse rumo é extremamente válido, porque é ele (ou algum dos que se seguem) que nos desperta para o verdadeiro sentido da transformação. 

Quando nos prostramos como vítimas de uma inexorável inércia, moldamos a mudança em nossa imaginação. Pensamos em como nossa vida seria incrível em outras circunstâncias. Talvez em outra casa, ou em outra profissão, ou em outro relacionamento, ou em outro país. Cada qual nutre seus pequenos vislumbres de uma existência mais plena no campo que mais o incomoda.

O início dessa busca por algo de diferente tem o condão de mostrar que o problema, na maior parte das vezes, não estava onde imaginávamos, mas sim no simples fato de termos cedido à acomodação. E quando nos colocamos em movimento, começamos lentamente a sentir os primeiros benefícios dessa viagem mágica. O vento nos cabelos, o calor da marcha, a excitação do desconhecido. De repente, algo desperta dentro de nós: estamos vivos.

Não há nenhum demérito em mudar o destino no meio da jornada. Habituamo-nos a crer que o sucesso de uma missão está inevitavelmente atrelado a atingir um determinado objetivo. Na verdade, seria estupidez prosseguir na mesma direção uma vez que percebemos que não é para lá que queremos ir!

Não lembro exatamente quando foi que uma simples inquietação me impulsionou a tentar algo novo. Algo em mim dizia que era uma atitude cruel comigo mesma permitir que meu tempo de vida se escoasse, enquanto eu passivamente observava os acontecimentos se encadearem por conta própria. 

Eu não sabia como saciar a necessidade que urgia em mim. Então, fiz o que pude. Coloquei em prática minha vaga noção de mudança. Comecei a fazer coisas diferentes, todos os dias. Experimentar caminhos, sons, sabores, práticas. Não havia, ainda, nenhum interesse em me aprofundar em qualquer um daqueles novos conhecimentos.

Em dado momento, a busca criou vida própria. Uma experiência conduziu à outra, conheci pessoas que vivem de uma forma tão diferente da minha, venci preconceitos, desvendei novas filosofias. E me apaixonei pela jornada! Não há mais um ponto de chegada, onde me serão atribuídos os louros da vitória e eu descansarei na doce sensação da conquista.

Percebi que a natureza está em constante movimento e transformação. As águas dos rios correm para os oceanos. Evaporam, condensam-se e precipitam-se em forma de chuva. A semente, sob a chuva, germina. Os brotos crescem, florescem, frutificam, morrem e viram adubo. Lagartas se transformam em borboletas. Nada é naturalmente estanque. Só o ser humano faz um esforço hercúleo para manter posições.

Ao ouvir minha voz interior clamando por transformação, eu não sabia ainda o que poderia encontrar. Mesmo assim dei início a uma procura incerta que me conduziu por caminhos surpreendentes. Quando dei por mim, havia encontrado o que tanto buscava, onde menos esperava: em mim mesma. 

Minha grande transformação não é só resultado de coisas novas que agreguei (embora eu preserve o interesse no que ainda não entendo), mas do despojar de velhos hábitos e crenças. "It is hard to fill a cup that is already full"*. Subitamente senti despertar uma verdade ancestral, como que oculta no meu código genético. E a vida finalmente começa.

Não entendeu nada dessa "viagem"? Não se preocupe. Essa mensagem provavelmente não era para você. ;)


* É difícil encher um copo que já está cheio. Do filme Avatar.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Mudar faz bem?

Uma frase bastante popular - cuja autoria desconheço - diz que se você fizer o que sempre fez, terá o que sempre teve. Alguma coisa faz mais sentido que isso?

A maior parte das pessoas que eu ouço reclamar da vida continua fazendo tudo exatamente igual todos os dias. E suas reações diante de quem faz algo de diferente transitam entre o ceticismo e o espanto, passando pelo desdém e pelo escárnio.

Pergunto-me se tais manifestações não seriam reflexo do que sentem em relação a sua própria falta de coragem, disposição e força de vontade para promover as mudanças de que necessitam.

Mudar (para melhor) faz bem para quem muda. Mas ao que tudo indica a mudança alheia faz um mal danado para quem sofre de inveja, estagnação ou simples aversão ao que não consegue compreender. A boa notícia é que esse mal tem cura.

Tratamento recomendado: pílula vermelha.
Posologia: dose única.
Possíveis efeitos colaterais: incapacidade de voltar a adormecer a consciência que desperta, inevitável sentimento de exclusão social, desilusão como caminho intermediário entre a ilusão e a realidade e, por fim, a estranha sensação de que estar em paz consigo mesmo supera todas as aparentes dificuldades do caminho.

E aí? Alguém se habilita?