quinta-feira, 10 de maio de 2012

Cada um por si?




Talvez uma das mais tristes e preocupantes consequências de vivermos cercados de pessoas egoístas seja a dificuldade de confiar. É que quem só pensa em si mesmo sequer reconhece como traição suas mentiras ou omissões mal intencionadas. Talvez por falta de consciência, por excesso de autoindulgência ou pela simples ausência de um autoexame, essas pessoas consideram naturais e justificáveis todas as suas ações, não se importando com quem ficar ferido pelo caminho. Cada um que cuide de si!

E é tão bom poder confiar! As pessoas em quem confiamos formam uma rede de proteção sob o picadeiro da vida. Na maior parte das vezes, elas nem precisam fazer nada: basta sabermos que estão lá para saltarmos sem medo. Elas não precisam ser perfeitas nem mesmo iguais a nós. Podem errar, contrariar nossas opiniões, pensar diferente, jogar duras verdades em nossas faces, mas não nos afagam com falsos sorrisos. 

Os egoístas têm a grande capacidade de simplesmente não se importar. O sofrimento, a opinião, o desconforto e a discordância alheia não lhe incomodam. Basta que seus interesses e desejos sejam atendidos. É impossível contar com alguém que menospreza a empatia.

Mas é preciso ter cuidado. Não devemos deixar que os egoístas nos arranquem do peito a alegria de confiar. Porque o problema de se cercar de defesas é que os mesmos muros que nos protegem das coisas ruins, mantêm também afastadas as coisas boas. 

O melhor mesmo é manter o coração aberto! E quanto aos que não valem o nosso afeto nem merecem nossa confiança, saibamos tolerar, relevar e, finalmente, perdoar. Afinal, mesmo os egoístas e insensíveis trazem lições que, se tivermos a sorte de aprender direitinho, poderão nos ser úteis um dia.