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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Enquanto isso, no escritório...

A sala em que eu trabalho é bem grande e subdividida em três ado-a-ados (cada um no seu quadrado). O meu ado costumava ser da minha amiga Loira, que saiu do escritório no ano passado e, desde então, o chefinho - muito provavelmente traumatizado pela saída da Loira - não contratou mais ninguém. Modos que o ado do meio, que era meu, está vazio há meses.

Lá do outro lado da sala, no último ado (considerando o meu como primeiro), fica minha colega de senzala, Helô. Eu e Helô todos os dias temos um diálogo parecido e que, embora verse sempre sobre o mesmo tema, nunca (me) cansa. Exemplo:

Eu: Helô...
Helô: Oi?
Eu: Falta muito pras 6 horas?
Helô: Um pouquinho. São 9h15 agora.

Tempos depois:

Eu: Helô?
Helô: Oi?
Eu: E agora, já são 6 horas?
Helô: Quase... São 9h18.

Muito tempo depois:

Eu: Helô?
Helô: Oi?
Eu: Só me explica uma coisa.
Helô: Hum?
Eu: Por que não são 6 horas ainda?

Mil anos depois:

Eu: Droga, por que não são 17h58 agora?
Helô: Em algum lugar do mundo já é.
Eu: Helô? Por que estamos aqui e não nesse lugar?

Helô nunca tem boas respostas para minhas perguntas.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Ma oeee, quanto tempo!

Ei, amigos da Rede Sbrubles, estamos aqui nesse lindo dia de merda, mais uma bela quinta-feira de trabalho, uhuuu. Já há muitos e muitos dias eu vinha estranhando o sumiço do chefinho. Não me pediu nada, nem fez a cRássica pergunta: "quais são suas pendências?", nem coisa alguma. Nas vezes em que ligou aqui no meu ramal foi só para pedir pra encaminhar um e-mail, coisa pouca.

Eis que hoje, para minha desgraça infinita alegria, ele finalmente lembrou-se da ecxistência de moi! Chegou aqui todo serelepe e, com um arzinho de ironia (que não cai bem num chefinho, convenhamos, ironia é coisa de subordinado. Não?) disse que acredita que o meu silêncio signifique que estou resolvendo todas as minhas pendências (ah, sempre as malditas pendências) e que vou entregar tudo pronto amanhã. Oi? Vontadinha de perguntar: e em Papai Noel, acredita também?

Ocorre que amanhã é meu derradeiro dia de senzala trabalho antes da alforria das férias. Duas semaninhas tão esperadas em que ficarei curtindo a vida adoidado arrumando a casa, lavando, passando, tirando pó, organizando, dando retoques na pintura das paredes riscadas pela chegada dos móveis, coisas do gênero.

Entã, vejam só, amigos, que loucura. Como uma mesma situaçã pode ensejar tão diferentes interpretações, não? Eu cá com minhas teclas ingenuamente acreditando que chefinho tinha resolvido me dar uma folga, afinal ele deve ter percebido pela profundidade das minhas olheiras que eu sou uma pessoa moribunda cansada de tanto trabalhar e à noite arrumar a casa e talz. Com a sensibilidade inerente ao espírito masculino, ele deve ter sentido que essa nova rotina pós-mudança com tantos detalhes a acertar, compras a fazer, coisas a arrumar, está cansativa demais. Por isso, esse homem benevolente estaria me poupando das atribulações ordinárias do trabalho.

Enquanto isso, na sala da justiça, chefinho estava esperando a conclusão daquelas tarefas chatinhas que se encontram sobre minha mesa desde o início da era cenozóica. Pessoinha impaciente, viu? Mas, como ele não é bobo nem nada, bem no fundo ele já sabia que eu não estava fazendo muito além daquele esforço hercúleo para manter as pálpebras abertas, e veio até aqui hoje fazer um terrorismo.

Claro que a tarde já está quase acabando, e que amanhã, além de todas as motherfucker pendências, preciso fazer o lançamento das horas trabalhadas no mês. Aqui por essas bandas, isso também é conhecido como pain in the ass (com sotaque britânico, bem bonito). Portanto, a coisa mais inteligente a fazer, qual é? Ahm? Dou-lhe uma... Dou-lhe duas... Dou-lhe três! Vendido para a senhora de chapéu na quarta fileira!

Ó-BE-VE-O: escrever um texto que, se não for a pérola que faltava para finalmente me render um prêmio Nobel da literatura (hipótese muito provável), pelo menos terá servido para me manter acordada por alguns minutos. Porque pior do que não resolver as stupid dumbshit goddamn motherfucker pendências, é ser flagrada dormindo pelo chefinho, né não?


Beijo, outro, tchau.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Enfim, SEXta.

No final da tarde de ontem, enquanto eu me matava para terminar a bendita contestação, chegou e-mail do chefinho: "Oksana, você já finalizou o agravo retido da Sbrubles1? Quando é o prazo?". Desconsiderando o fato de que eu nem sequer me lembrava que tinha esse agravo para fazer, verifiquei no sistema que o prazo é segunda e respondi: "Ainda não, entrego amanhã".

Não contente, ele responde: "Ok. Conseguiu falar com o Charles (assunto - Chinalá2)?". Desconsiderando o fato de que eu havia desistido de tentar falar com tal pessonha desagradável, rapidamente telefonei e recebi mais uma desculpa esfarrapada da secretária, e respondi: "Não consegui. Liguei hoje e disseram que ele não estava e que é pra ligar amanhã".

E assim eu fico pensando cá com minhas teclas (que pensar com botões é tão last week) que talvez o chefinho tenha algum trauma de infância ou qualquer tipo de desvio psicológico que faz com que ele seja uma dessas pessoas que nunca estão satisfeitas com nada! Nossa, essa frase sem nenhuma vírgula exige um super fôlego pra ler em voz alta (fumantes, não tentem)!

Então, estamos aqui, em mais uma bela SEXta-feira de sol, calor, céu azul, crateras espalhadas pela cidade abertas pelo temporal de ontem à noite... Por falar em ontem à noite, claro que eu e meu amado namorido estivemos em nossa casita, fazendo todo um trabalho braçal. Demos a primeira demão de tinta no quarto 1 (é o de casal, mas acho divertido chamar os quartos pelos números), a terceira e última no teto do corredor, a segunda e última na parede da sala que vai receber a textura, e colocamos massa corrida nos vãos dos caixilhos das portas. Saímos de lá meia noite e meia. Aí até chegar em casa, tomar banho-dormir (nem tive forças para comer), já viu, né?

Além de tudo, tivemos que desviar um trecho da rua que estava alagado, onde alguns carros anfíbios se encontravam cobertos de água até acima das calotas. Então precisamos passar por cima do canteiro central e seguir pela faixa exclusiva para os ônibus. A Flecha Prateada3 não teve dificuldades, mas um pobre caminhão atolou e ficou por ali mesmo.

Esse negócio de comprar imóvel é um grande aprendizado, sabe? Se um dia formos comprar outra casa (e não construir, como pretendemos), certamente estaremos atentos a detalhes que nunca percebemos antes, como, por exemplo, se a casa foi construída sobre um antigo cemitério indígena o rejunte dos azulejos foi bem feito, se os caixilhos das portas foram bem colocados, se o teto foi bem pintado, se a água no box escorre para o ralo ou para o lado oposto, se a obra foi feita por seres humanos ou por ornintorrincos estrábicos, essas coisas.

O papo está ótimo, mas preciso começar finalizar o agravo retido antes que o chefinho apareça com mais 18 mil tarefas. Tenho também que enviar conteúdo para o blog Voluntários em Ação, do qual sou colaboradora (não escrevo, só envio notícias coletadas na internê). E ainda fazer as lembrancinhas para meu pequeno chá de panela. Além, é claro, de dar um jeito de extrair a massa corrida debaixo das minhas zunhas, e fazer aquele esforço sobre-humano para manter as pálpebras abertas.

Torçam por minha sobrevivência.

Notas:
1) O nome da cliente foi alterado para proteger sua identidade e eu não ser demitida
2) O nome da cliente foi alterado para proteger sua identidade e eu não ser demitida.
3) Celta do namorido.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Dois palitos

Sempre que meu chefinho me passa mais algum selviço e eu faço aquela cara de oh, man, ele se sai com essa: "isso aí você faz em dois palitos". Bem que eu queria saber (e aposto que nem ele sabe) a origem de tal expressão, mas o fato é que hoje estou mesmo é precisando de dois palitos para manter os zolhinhos abertos. Zentsi, que soninho!

Ocorre que eu e meu namorido compramos uma casa. Uma casinha linda, de três quartos, com quintal, árvore, todo um sonho. Aí aquele pequeno projeto humilde foi tomando proporções inimagináveis, tcheepo assim, ahm, já que a casa é NOSSA, não uma coisa assim toda alugada, vamos investir, néam? E aí é investimento que não se acaba mais.

Primeiro foi a cozinha e o closet planejados. Escolhidos depois de nada menos que 15 projetos e respectivos orçamentos. Sim, eu disse QUINZE ORÇAMENTOS. Se você já foi alguma vez a uma loja de móveis planejados e assistiu todo faceiro ao processo de confecção do projeto - arrasta pra lá, puxa pra cá, estica aqui, encolhe acolá - no programinha de computador (Promob), você não imagina a gastura que é ver esse negócio acontecer pela quadrigésima milésima nona vez. Dá uma vontade de chacoalhar o cerumano ali e ver se ele acelera a bagaça porque já é a oitava manhã de sábado que você deixa de dormir pra ficar vendo a cozinha virtual acontecer.

Mas eu nem imaginava que aquilo era só o começo. Depois veio a reforma. Sim, porque a casa é nova, mas o construtor parece ter contratado a mão de obra de chimpanzés cegos e mancos. Assim, embora o porcelanato usado no chão seja bonito, não dava pra gente se conformar com aquele rejunte da grossura de um tornozelo, e com o piso todo desnivelado. Simplesmente não ia combinar com a beleza dos móveis planejados. Sentiu a armadilha?

Uma coisa levou à outra, e de repente estávamos decididos a colocar piso laminado e uma cerâmica nova na cozinha. Para isso, nosso pedreiro arrancou os rodapés de porcelanato, que serão substituídos pelos de madeira. Com essa manobra inteligente, obrigamo-nos a repintar a casa toda por dentro - note que a pintura era novinha da silva, mas arrancar os rodapés obviamente deixou a parte inferior das nossas paredes parecendo cafofo de miss laje.

Não vou nem tocar em outros detalhes como a área de serviço que cobrimos, o piso da garagem que era de brita e hoje está cimentado, e tantas outras coisas que às vezes nos fazem cogitar se nosso pedreiro vai acabar morando lá e a gente não. Importante agora é o quesito pintura.

Todo mundo que já montou casa e/ou fez uma reforma sabe que qualquer servicinho que você pede custa um rim ou órgão de maior importância vital. Como arranjar um profissional que preste é coisa da maior dificuldade, a gente até paga com a consciência leve o nosso pedreiro, o Cliverson (queria o quê? um Pedro de Alcântara Machado?), porque o cara é firmeza mesmo. De absoluta confiança, faz um trabalho caprichado, preciso, e ainda limpa tudo antes de ir embora. Difícil acreditar, né? Um pedreiro limpinho. Pois ele passa esponja úmida pra tirar resíduos de rejunte, argamassa, cimento ou uaréver, varre o pó, enfim, o cara é dez. E o preço que ele cobra é o  mesmo praticado por aí, fizemos outros orçamentos também. E olha como eu consegui fugir do assunto de novo.

Bom, desde que percebemos que a pintura seria necessária, eu quis encarar a tarefa e economizar uns tostões. Mas o Dé achava que seria muito complicado e talz, e a minha sogra ficava o tempo todo botando uma pilha que não valia a pena a gente cansar tanto, que era melhor pagar pra alguém fazer, que coitadinhas das crianças (eu e ele). Mesmo assim, o Dé concordou comigo e começamos o trabalho.

Como a parede em que ficará o closet é uma parede externa e num quarto que não bate tanto sol, resolvemos aplicar um impermeabilizante nesse quarto, batizado de quarto 2. Como o quarto 3 fica do mesmo lado da casa e um dia será o quarto do bebê, resolvemos impermeabilizá-lo também. E, claro, já que estávamos com a mão no vedapren parede mesmo, já garantimos a brancura eterna do teto do banheiro. Xô, mofo! Fora, bolor! Mofo e bolor não são duas palavras horrorosas? Fronha também, né? Ops, foco no assunto, Oksana, foco.

Ao final desse sábado fatídico, tínhamos dado somente a primeira das três demãos necessárias do impermeabilizante, que vem antes da tinta (pelo menos duas demãos). E já não conseguíamos erguer os braços acima da cabeça e a cada passo parecia que o fêmur ia se descolar da bacia [EXAGERO MODE: ON]. O Dé tentava não parecer muito pessimista, mas eventualmente deixava escapar um "será que vamos conseguir?", "será que vamos sobreviver?". Okey, okey, acabei me rendendo.

No domingo, então, liguei para um pintor indicado por uma amiga da minha mãe, que se disse impressionada com o capricho e com o preço baixo que ele cobrou. Lá foi o Junior fazer orçamento para nozes. O cara tem quase dois metros de altura, imagino que deve ser uma vantagem no serviço, nem precisa de escada ou do cabo extensor para o rolo de pintura. Dá pra pintar o teto sem esticar o braço. Expliquei pra ele o serviço, que já compramos a tinta e todo o material necessário.

Ele passeou pela casa, sentiu a textura da parede nas mãos calejadas. Disse que pintura nova é uma beleza, que não precisa lixar nada nem usar massa corrida, que está acostumado a pintar cada parede que é só buraco, uma tristeza. A nossa expectativa por um preço muito baixo era crescente. Concluiu dizendo que terminaria o serviço em cerca de cinco dias. E queria R$ 400,00, que poderíamos pagar em duas vezes: uma no 2º dia de pintura e outra no 5º, quando ele terminasse. Sim, porque meu salário eu também recebo uma vez a cada 3 dias. Você não?

Eu e o Dé ficamos naquela de um tentar decifrar o que o outro estava pensando, mas a telepatia estava desligada ou fora da área de serviço. Eu disse ao Junior Gigante que iríamos pensar e, se fosse o caso, voltaríamos a telefonar pra ele.

Enfim, sós, o Dé me confessou que estava se sentindo mais Michelangelo do que nunca, super a fim de jogar umas tintas naquelas paredes. E o Gigante que vá tapar buraco de algum teto horroroso por aí. É que R$ 400,00 são uma verdadeira fortuna pra quem ainda precisa colocar cortinas, mobiliar o resto da casa, comprar utensílios, eletros, terminar de pagar o pedreiro, além das astronômicas faturas de cartão de crédito em que parcelamos o máximo possível as compras de material de construção, isso tudo sem contar, é claro, o financiamento dos móveis planejados e da própria casa. Se sobrar algum, é capaz até de a gente se alimentar. E quem sabe um dia eu possa voltar a ir ao salão fazer minhas unhas (dinheiro jogado fora agora que elas estão todas destruídas e encardidas de impermeabilizante).

Todo esse relato emocionante foi só pra ver se ganho uma casa prontinha e mobiliada no Construindo um Sonho do Gugu explicar a razão de eu estar parecendo um zumbi sorumbático me arrastando pelo escritório a cada 15 minutos em busca de mais 250ml de café. É porque todos os dias eu e o Dé estamos saindo do trabalho e indo direto para o nosso 3º turno, quando colocamos roupinhas surradas e encarnamos os pintores felizes daquele que será em breve nosso lar, doce lar. Aí a gente fica até onze da noite pintando (coisa que quase não cansa o corpinho véio), depois vai pra casa tomar banho-comer-dormir e acorda 6h da manhã pra trabalhar.

Não, não vestimos macacões jeans (péssimo), não pintamos a cara um do outro e terminamos nos amando em meio às tintas. A coisa não é hollywoodiana assim. É certo que brotam inesperadas declarações de amor entre uma pincelada e outra. Acho que é pela felicidade de ver a parceria ilimitada, um amor que resiste às intempéries, que encara o que poderia ser visto como dificuldade apenas como mais um passo do caminho. Sem perder a ternura e o bom humor.

Ai, Senhor, agora dai-me forças pra fazer essa contestação, pra depois voltar aos pincéis e rolos de pintura. Forças e dois palitos, por favor!