segunda-feira, 20 de junho de 2011

Nem mesmo o céu, nem as estrelas...

Hoje é o dia dele. Eu queria escrever um texto bem lindo, dizendo tudo que sinto, mas acabaria soando como Roberto Carlos... "Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer como é grande o meu amor por você".

Eu queria explicar o quanto a presença dele na minha vida ameniza as dores, eleva à enésima potência as alegrias, enche de razão e significado cada momento da minha existência. Queria dizer que por causa dele eu me esforço pra me aperfeiçoar cada vez mais, só pra garantir que eu continue merecendo essa pessoa maravilhosa ao meu lado.

Gostaria de saber um jeito de demonstrar justamente isso: não é só o homem que ele é que me seduz, mas o ser humano fantástico que me fascina. Sua bondade, seu caráter, seus valores. É o fato de estar sempre disposto a estender a mão a quem precisa, de ligar todo dia para acalmar o coração da mãe saudosa, de sair de casa no domingo à noite pra arrumar as lâmpadas que não estão funcionando na casa da sogra.

É o fato de sempre, antes de deitar, perguntar se quero algo da cozinha, uma água, um chazinho. É aquela carinha que ele faz quando eu dou bronca porque ele está descalço no piso gelado. É a empolgação quando tem uma ideia que pode revolucionar a rotina no trabalho, a dedicação quando se envolve num projeto profissional, a confiança que se pode depositar nele sem medo.

Queria saber porque me dá esse nó na garganta toda vez que penso em tudo que ele é. Porque ele me emociona, porque o amor que sinto por ele transborda, porque não posso nem imaginar minha vida sem ele. Porque descobri o significado da felicidade quando nossos destinos se entrelaçaram, e não tenho vergonha de ser brega e de citar Roberto Carlos.

Se ao menos eu soubesse o jeito de dizer que o amo mais do que tudo e que estou disposta a passar todos os meus dias me dedicando ao que mais me alegra nessa vida: fazê-lo feliz... 

Quando eu descobrir uma forma de dizer isso tudo, prometo escrever um texto bem lindo, em homenagem ao amor da minha vida, que hoje faz aniversário. 

domingo, 5 de junho de 2011

Cecílios

Você se lembra do dia em que nos conhecemos? Eu, sinceramente, não. Engraçado como às vezes estamos desatentos no momento em que algo muito importante está prestes a acontecer em nossa vida, como o início de uma grande amizade. Sei que foi em 2005. Ou seja, foi só no ano em que fez 21 anos que você finalmente ganhou o apelido que ressalta o que talvez seja sua característica mais evidente, desde criancinha. 

Lembro que fazia pouco tempo que a gente se conhecia, mas eu já sentia que você seria uma grande parceira de aventuras. Comprovei isso quando liguei numa terça-feira à noite e perguntei: “E aí, vai fazer alguma hoje?”, e a sua resposta foi: “Não ia”.

Naquela noite, seu Peugeotzinho foi brutalmente atingido por um canteiro descontrolado. Quase nos afogamos numa tempestade torrencial, viramos piada pra polícia, sentimos medo de bandidos imaginários, tentamos inutilmente descobrir onde ficava o macaco e como o estepe saía debaixo do carro. Você respondeu à clássica pergunta: “Onde você está, minha filha?”, com a expressão imortalizada pela Lu: “Tokaoki”. Eu me preocupei: “Ci, a gente nem bebeu nada... Seus pais não vão pensar que você estava bêbada?”, e você me tranquilizou: “Não, eles sabem que eu sou retardada mesmo”.

Lembra daquele carnaval em que você me salvou do ataque do Monstro da Piscina? E de madrugada quando a gente tinha ataques de riso incontroláveis e tinha que ficar na sacada pra não acordar as pessoas do nosso quarto? E quando eu não aguentava mais ficar acordada, mas você ainda queria “só tomar um gole com a Adri”?

E quando eu ficava no bar da facul esperando você voltar depois de se livrar do Roço Mor, fingindo que ia pra casa? E aquela noite no “Aos Democratas”, tempos depois, quando uma bêbada desconhecida chegou na nossa roda perguntando: “Qual de vocês é a Ciça?” E então confirmamos que as aparências enganam, e descobrimos que o grande Roço acumulava o título de canalha também.

Houve também um carnaval em que você foi eleita a mulher mais elegante de Jurerê Internacional. Graças a isso, fomos convidadas para a festa dos ricaços e passeamos de Porshe. Tivemos ainda um momento mágico de prática de Yoga na grama em frente de casa. Sem a sua ajuda, eu jamais teria conseguido fazer a invertida sobre a cabeça e permanecer naquela posição por quase 3 segundos e meio.

E naquele outro carnaval, quando estávamos brigadas e fomos obrigadas a fazer as pazes porque todas as outras pessoas do mundo nos abandonaram? Graças a isso, pudemos curtir aquele showzaço do Tiesto e cantar juntas “In the dark”, e passar raiva juntas quando furtaram sua carteira.

Lembra daquele baile de máscaras que fomos praticamente só nós duas e mais um monte de homens lindos, porém todos gays? Naquela noite descobrimos que mais vale um homem feio na mão que dois lindos se beijando.

E quando finalmente tivemos a oportunidade de ser colegas de turma? Estudando para a prova da OAB no Luiz Carlos, reparando nos vícios de linguagem dos professores e depois não suportando mais ouvi-los? Quantos quilos engordamos matando aula de Tributário no Mc Donalds? 

E aquela noite fria na sua casa, quando alguém deu a ideia de pularmos na piscina aquecida com as placas de captação solar que, claro, funcionam super bem em dias nublados? Quem poderia ser a única pessoa que caiu nessa conversa, vestiu um biquíni seu (sério, como que a parte de cima coube???) e arrancou cinco bifes de cada perna fazendo uma depilação a seco com uma gilete velha que encontrou no seu banheiro?

Quando viramos colegas de trabalho, durante um tempo você me dava carona pra ir para o escritório. O café da manhã das campeãs? Marlboro Light no carro, atrasadas e em jejum. E à tarde uma de nós enviava o convite pelo sistema interno de mensagens: “Pigas?”. Em poucos minutos estávamos na Dalva. Muitas vezes, era o momento também de uma coxinha ou, no seu caso, um risóles de carne. Um bombom de morango, de sobremesa. Como eu sempre me preocupei com a forma física – cof – a minha coca era light. Você passava o resto da tarde se contorcendo de dor de estômago e, no dia seguinte: “Hum... Me vê um risóles e uma coca normal”.

A vida de advogadas nem sempre foi fácil. Talvez por isso tenhamos investido nosso talento em outras áreas, como a de dançarinas, compositoras e cantoras. Como dançarinas, fizemos relativo sucesso. Já na esfera musical, infelizmente, nosso single “Sou lá de Campo Largo da Roseira” não emplacou. Uma pena.

Lembra das maratonas de The OC? E aqueles jogos de adivinhar de que seriado era cada música? E a sua surpresa ao descobrir que o tema de abertura de CSI dizia “Who are you?” e não somente “uuuuuaaaiuuuuuuuuu-u-u-u-u”? Quantos momentos que vivemos nos lembraram automaticamente de episódios de Friends?

Uma coisa que parece ter mudado muito nesse nosso tempo de convivência é o tamanho de nossos estômagos. Hoje passamos mal com 3 pedaços de pizza. Lembra o quanto causávamos prejuízo nos rodízios? Deixávamos os garçons assustados e nossas calças quase estourando. E nos mexicanos? Não sobrava nem o aroma de sour cream quando pedíamos Ultimate Nachos. Lembra quando você resolveu morder aquela pimenta gigante que vinha de enfeite em cima? Todo o chope do Zapata não seria suficiente pra apagar o fogo.

E quando chegávamos ao Taj faltando 2 minutos pra acabar o horário do double drink e/ou da comida japonesa com 50% de desconto? A gente já sentava fazendo o pedido. “Não precisa trazer o cardápio, anota aí, rápido: um combinado para duas pessoas, uma porção de hot philadelphia, uma caipira de kiwi, uma de morango, uma de abacaxi, uma...” O garçom interrompia: “Moça, mas você sabe que vai vir duas de cada, né?” Eu já irritada: “Por que você não está anotando???”

Em diferentes épocas batemos cartão em diferentes lugares: no John Bull, na Pulse, no Yankee, no Taj, na Eon, na Lique, na Woods, no Crossroads... Numa noite que fomos ao Yankee, depois de uma quarta-feira difícil no escritório, resolvemos comprar uma garrafa de vodka só pra nós duas. Foram muitos carnavais, Feijucas, churras, esquentas na Lê, Barrocas, Hot Valentines, BVTs, chopadas, festas de aniversário, quartas Fischers, bailes de formatura e, finalmente, casamentos...

Um dia resolvemos voltar a ser colegas de classe e nos matriculamos no curso preparatório para o concurso da ABIN. Viva o Luiz Carlos de novo. Você deve ter ido pra aula só umas duas vezes. Numa delas, na hora do intervalo, apresentou-me para um amigo seu da época do colégio. Você estava distraída e não ouviu os sininhos tocarem. Sem sequer imaginar, você me apresentou naquele momento ao amor da minha vida.

Trocamos incontáveis confidências e, até hoje, considero você uma das melhores guardiãs para os meus segredos, assim como os seus ficarão comigo pra sempre. Passamos inúmeras horas elaborando teorias mirabolantes sobre o que mesmo? O comportamento masculino, o futuro da humanidade, o sentido da vida, fatos aleatórios, efeito borboleta e tudo ao mesmo tempo agora.

Num momento infeliz, uma divergência de opiniões acabou nos afastando. Minha noção de amizade e lealdade me impelia a me posicionar radicalmente contra qualquer coisa ou pessoa que fizesse você sofrer. A sua noção de amizade dizia que eu tinha que apoiar incondicionalmente qualquer escolha sua.

Hoje vejo que nosso problema era um daqueles que só se resolvem com o tempo e, claro, a maturidade que vem com ele. Eu precisei de tempo para perceber que, quando você me contava que alguém fez você sofrer, você não queria que eu a protegesse da maldade alheia – só precisava mesmo desabafar. Demorei pra entender que, enquanto eu condenava quem a feria, você sentia que era você mesma que eu estava condenando.

Você também precisou de tempo para entender que qualquer coisa que eu tenha feito ou dito jamais significou que eu não estivesse do seu lado: era apenas o meu jeito tosco de dizer que eu queria o melhor pra você. Como ainda quero.

Sim, nós somos um pouco lerdas pra entender as coisas. O importante é que conseguimos! Não tenho nem como descrever o quanto você me fez falta durante esse tempo em que estivemos distantes e o quanto faço questão da sua presença na minha vida. Espero que saiba e jamais duvide disso: você é uma das minhas pessoas preferidas no mundo, e eu nem gosto de muitas. Como diria Pink (aprendi com a Lê que pop music can be wise), pretty pretty please, if you ever ever feel like you're less than fuckin perfect... You're fuckin perfect.

A você, minha amiga linda, desejo apenas tudo de melhor. Ao mundo, que a sorte de ter você vivendo nele se prolongue por muito mais tempo que esses 27 anos de alegria.