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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Maria que eu conheço bem...

Quando eu era criança, acreditava que minha mãe estava sempre certa, tinha todas as respostas, sabia de tudo. Nem mesmo a professora da escola (naquela época em que tinha uma única professora por ano) era capaz de superar a sabedoria materna.

Na adolescência, os conflitos surgiram. Adotei firmemente a certeza de que minha mãe estava sempre errada, não sabia de nada e, pior, estava sempre contra mim. Implicava com minhas amigas (mesmo sem saber que elas fumavam maconha! Pura perseguição!), não me deixava fazer o que eu queria (como ir a uma festa na segunda-feira à noite e faltar à aula na terça de manhã) e fazia exigências absurdas ("chegue na escola na hora", "estude", "lave a louça", um horror...).

Os anos passaram e eu ganhei um tantinho de maturidade. E, com ela, veio uma surpreendente realidade: minha mãe não tem todas as respostas, mas conhece algumas. Não está sempre certa, porque é humana. Mas em qualquer hipótese, ela nunca está contra mim. Parece sim uma obviedade, considerando que ela é a pessoa que me ama há mais tempo nessa vida, mas eu não fui sempre tão esperta como sou hoje. 

Hoje é aniversário da Dona Maria. Essa minha grande amiga, companheira, minha maior fã, de quem eu sou fã também. Ela que inventa receitas veganas pra eu poder comer na casa dela e sempre prepara um potinho pra eu levar um pouco pra casa. Sempre. Nem que seja um feijãozinho. "Qualquer coisa você congela".

Quando vivíamos na mesma casa, não importava a hora que eu chegasse, ela sempre inventava uma coisinha gostosa pra eu comer. Eu abria a geladeira e dizia: "ih, não tem nada". Ela ia lá e fazia a sua mágica de transformar nada em janta. Aqueles 3 tuperwares contendo 2 pedaços de brócolis, 3 colheres de sopa de milho verde e meia xícara de arroz integral viravam uma torta deliciosa. Como pode???

Ela ouve meus desabafos e me liga pra jogar conversa fora. Adotou minha cachorra quando eu saí de casa. Sempre soube, só de olhar, quando meus ex-namorados não prestavam. E adorou o Dé assim que o conheceu.

Temos nossas diferenças e também muitas semelhanças. Nunca consegui aprender o tricô e o crochê. Mas aprendi a ter um bom caráter, a prezar as boas amizades, a valorizar as pessoas pelo que são, não pelo que têm. Aprendi a gostar de cozinhar, a inventar receitas no "olhômetro" e a demonstrar afeto preparando refeições...

Consigo vê-la sob diversos aspectos. Conheço a Dra. Maria, psicóloga; conheço a Maria Arteira sempre inventando moda e criando arte; conheço a Maria engajada, que luta pelas causas em que acredita; conheço a Maria amiga fiel e zelosa; conheço a Maria que desperta paixões com seus olhos azuis... São muitas e muitas Marias numa só. Mas, por razões óbvias, a que eu conheço melhor e da qual posso falar com propriedade é a Maria mãe, de mim e do Gabriel, que ela sempre faz questão de dizer pra todo mundo que são seus dois grandes feitos nessa vida. É através dos meus olhos de filha que a admiro profundamente. 

Mãe, feliz aniversário! Parabéns por ser quem você é! Agradeço pela dádiva de ser sua filha e desejo a você saúde, sucesso, amor, paz, serenidade... E que a cada dia você encontre mais e mais motivos para ser MUITO FELIZ! Amo você!

Beijos,

Oki

domingo, 15 de agosto de 2010

Um amor antigo...

Quando eu era criança, vivia pedindo coisas para minha mãe. Uma Lu Patinadora, o carro da Barbie, um Pense Bem... Não ganhei nenhuma dessas coisas, mas tive uma bicicleta Caloi Cecizinha azul (o hit entre as meninas era rosa, mas eu gostava era de azul) com cestinha, uma Amore, um Manequinho e dúzias de outras bonecas, que eram meu passatempo preferido. Minha mãe sempre fez questão de me ensinar que não era possível ter tudo. Ela trabalhava bastante para me dar tudo o que podia, mas não me transformou num monstrinho insaciável do consumismo.

Tinha uma coisa, no entanto, que eu pedia com mais frequência, e nunca desistia diante das negativas recorrentes. Eu queria um irmão. Minha mãe explicava que, para isso, precisava antes encontrar um pai para ele. Eu achava bobagem. Afinal, meu pai era uma figura quase inexistente na minha vida, e nós duas estávamos muito bem sozinhas, mas minha mãe não parecia se contentar com a minha lógica.

Eu já tinha 11 anos de idade quando finalmente ganhei o presente tão esperado: o Gabriel nasceu. Muita gente me perguntava se eu não sentia ciúmes, por ganhar um irmãozinho após reinar absoluta por mais de uma década como filha única. Eu sentia ciúmes, sim, do pequeno. Se dependesse de mim, ninguém mais o pegaria no colo além de mim. Tudo bem, eu o emprestava à minha mãe sem problemas, e até ao meu padrasto, afinal os dois detinham os direitos autorais. Mas as outras pessoas eram por demais inconvenientes.

Desde pequeno o Gabriel já era lindo e gentil. Quando tinha alguma guloseima, ele sempre fazia questão de guardar um pedaço para mim. Já eu preferia comer tudo e esconder a embalagem vazia - se ele não soubesse que o doce havia existido, não passaria vontade, certo? Cada um à sua maneira, sempre pensamos um no outro. 

O pobrezinho sofria muito nas minhas mãos quando eu resolvia dar surras de cócegas. Eu continuava até ele perder o fôlego ou dizer as palavras mágicas: "me acuda, Maria Papuda". Graças a essa prática, ele desenvolveu uma capacidade respiratória muito maior, e eu me tornei mestra imbatível na arte das cócegas.

O Gabriel sempre foi o defensor dos injustiçados. Na escola, conversava com o menino excluído por ser esquisitinho, não achava graça quando chamavam um mais delicado de viadinho e brigava com os guris que maltratavam o bolsista por ele ser pobre. Eu tentava ensiná-lo a se defender da violência dos truculentos, mas ele jamais teria coragem de machucar alguém. Então tive que me conformar. Afinal, eu também era do tipo que apanhava na escola, e sobrevivi sem maiores sequelas.

Ao longo de sua infância, meu irmão ganhou de mim diversos apelidos carinhosos, dentre os quais, um dos mais marcantes foi "pequeno semiletrado". Agora o menino está todo inteligente e estragou toda a graça para mim. Cabeção e suas variações (Cabeçote, Cabeça, Cabeçola, Cabeçudo), porém, seguem com força total. Quando minha mãe registrou o nome dele na agenda do celular como "Gabriel Cabeção" ficou claro que não tem mais volta.

Falando assim, pode parecer que eu fui (ou sou) uma irmã cruel. A verdade é que eu, pensando exclusivamente no bem do meu pequeno irmão, sempre fiz questão de prepará-lo para as adversidades que enfrentaria no mundo lá fora. 

Brincadeiras à parte, como a diferença de idade entre nós é bem grande, eu sempre fui muito protetora. Ainda hoje sou assim: se alguém faz alguma coisa contra mim, penso um milhão de vezes se vale o esforço de tomar uma atitude defensiva. Mas ai de quem mexer com meu irmãozinho! Viro bicho!

A primeira menina de quem ele gostou era uma monstra. Gordinha e muito maior do que ele, que era o mais baixinho da sala. Quando perguntei se não a achava grande demais para ele, respondeu: "não, ela é só uma cabeça maior que eu". Ah, bom, então tá. Depois, descobriu o gosto pelas orientais, e o coração passou a palpitar cada vez que via uma japonesinha.

Existe algo de diferente no amadurecimento de meninas e meninos. Elas crescem um pouquinho a cada dia, de forma gradual e harmoniosa. Eles não: desenvolvem umas partes antes das outras, esticam da noite para o dia, desafinam a voz por meses e passam por fases muito estranhas. Então é algo surpreendente para uma irmã mais velha quando, num dia qualquer, aquele garotinho franzino se transforma num homem lindo.

Hoje faz 17 anos que minha mãe trouxe ao mundo esse presente tão especial para todos que têm a sorte de conhecê-lo. Fisicamente, só foi mais lindo do que é hoje naquela época em que eu queria ter exclusividade de colo. Era um bebê tão fofo... Hoje é um gato! 

Além da beleza física, tem um coração de ouro. Continua gentil, atento às necessidades alheias, justo, honesto, sincero e cheio de amigos. Como homem da casa, cuida bem da nossa mãe. Como irmão, não poderia ser melhor. 

Tenho certeza de que vou conservar a mania de cuidar dele por toda nossa vida. Mesmo quando ele pensar que já sabe se virar sozinho. Esse cuidado de irmã mais velha não vem só de laços consanguíneos, vem do amor de quem já esperava por ele desde sempre.

Feliz aniversário, Cabeção! Amo você!

Beijos da irmã preferida.

Os homens da minha vida: Dé e Biel

sábado, 30 de janeiro de 2010

Mercado Municipal

Juro que para mim não é fácil levantar cedo no dia em que até o Todo Poderoso descansou. Pense bem, até a potência do onipotente precisa de uma folguinha. Mesmo assim, programei meu despertador para o mesmo horário dos dias inúteis e acordei por volta das 7h. 

Eu e namorido fomos ao Mercado Municipal, escolher algumas delícias para montar uma cesta de presente de aniversário para o sogrinho. Para mim o ineditismo da situação resume-se a ter levantado antes das 10h num sábado, mas para namorido foi bem mais legal, porque ele não conhecia o lugar, que é um dos meus preferidos.

Frutas, temperos, cafés, carnes, peixes, legumes, verduras, vinhos, sucos, queijos, pães, pimentas, biscoitos, doces, enfim, de tudo um pouco. Do simples ao mais exótico. Uma profusão de aromas, cores e sabores. Uma vontade imensa de levar quase tudo!

Como diz o Giovanni, personagem do filme Estômago, é ali que começa a arte de cozinhar. Um passeio pelo Mercado Municipal é no mínimo inspirador para novas experiências gastronômicas. E como o alimento (e uma boa bebida para acompanhar) é uma das formas mais antigas de demonstrar carinho - começa com a relação entre mãe e filho e segue por toda a vida -, pelos corredores do Mercado a gente encontra uma série de opções para presentear quem a gente quer bem. :)

Beijos!