segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Antes que eu confunda o domingo com a segunda

No domingão almoçamos numa churrascaria, ponto escolhido para a comemoração do aniversário do sogrinho. Recentemente tenho estudado algo sobre a dieta carnívora e talvez sejam as conclusões que começam a despontar que, pela primeira vez, fizeram o rodízio de carnes não ser tão apetitoso como sempre foi. 

Sempre me considerei do tipo que passaria fácil sem uma série de alimentos, exceto carnes. Hoje começo a pensar que talvez animais não sejam assim tão essenciais na minha dieta. Mas por enquanto isso é só uma ideia.

O calor estava insuportável. Não funciono muito bem sob altas temperaturas. A única coisa em que eu e namorido conseguíamos pensar era no quanto um ar condicionado nos faria felizes. Caminhar num parque, portanto, estava fora de cogitação. Ainda mais porque os parques curitibanos, nas tardes de domingo, são invadidos por pessoas que emporcalham tudo com latas de cerveja e lixo de todo tipo, inclusive musical, vindo das potentes caixas de som de seus veículos. Em resumo, o parque vira uma selva assustadora.

Fomos então ao shopping mais próximo, ver se havia algo interessante na programação do cinema. Não encontramos nada que valesse o caro ingresso. Passei por uma vitrine e quase cedi à tentação consumista diante de um bonito vestido, por R$ 69,00.

Engraçado como os conceitos de caro e barato são de uma relatividade absurda. Quando faço meus passeios pelas lojas de povão no centro da cidade, praticamente qualquer peça que custe mais do que R$ 50,00 é cara. No shopping, qualquer cifra com menos de 3 algarismos merece uma segunda olhada. A gente costuma ver tantos preços que ultrapassam 4 casas e as etiquetas com o "3 x de" escrito em letras pequeninas antes do número principal, que começa a achar que é normal.

Bem na verdade, é mais uma daquelas armadilhas do mundo moderno que, se a gente para pra pensar, vê que não tem sentido algum. Por que razão uma roupa, um sapato ou um acessório qualquer merece custar o meu salário? Um mês todinho do meu trabalho, conquistado após 5 anos de faculdade, fora os 11 anos anteriores de escola, o cursinho e a pós-graduação? Claro que eu gosto de me sentir bonita, bem vestida e, se possível, aliar o bom gosto e elegância a um tanto de conforto. Mas será certo considerar normal gastar tanto dinheiro numa peça à qual a maior parte do valor foi agregado por uma simples etiqueta?

Nem toda essa reflexão foi feita ali, diante da vitrine que exibia o modelito de R$ 69,00. Na hora, pensei somente em objetivos maiores, que certamente merecem mais o meu investimento do que uma peça de roupa. Pensei rapidamente que, embora eu esteja realmente a fim de uns vestidinhos novos, nada impede que eu use os que eu já tenho, ainda que isso implique ter que repetir o figurino em algumas situações. Por fim, concluí que as pessoas que ficarem reparando nisso - o fato de eu estar usando uma roupa que já usei antes - são fúteis demais para merecer o meu respeito. E assim - ufa - escapei da armadilha da loja de roupas.

O mesmo não ocorreu na livraria. Saímos de lá, eu e namorido, felizes da vida com nossas novas aquisições. Sem arrependimento algum. Usar trajes novos jamais me proporcionaram tanta satisfação quanto adquirir mais conhecimento.

Do templo do consumismo, fomos ao Café do Teatro, onde passamos algum tempinho que ainda tínhamos antes do show do Antônio Nóbrega no Guaíra (esse programa merece um post exclusivo, que escreverei a seguir).


Mesinha na janela do Café do Teatro - eu e a melhor companhia ever
Antes de terminar esse texto, vale comentar ainda mais um acontecimento do final de semana. No sábado, comprei nossos ingressos para o show acima mencionado. Custaram R$ 5,00 mais um quilo de alimento, cada um. No momento de pagá-los, com uma nota de R$ 50,00, atendi a uma ligação no celular e, distraída, simplesmente não peguei meu troco. Só percebi isso mais de uma hora depois, quando fui pagar por uma garrafa de água e não encontrei um trocadinho sequer na carteira.

Desolada, telefonei para a bilheteria do teatro e expliquei a situação. Pensei comigo que já tinha perdido 40 pilas, não custava nada tentar uma solução. Disse ao Seu Arlei, o senhor que me atendeu que, se por acaso, no fechamento do caixa, sobrassem R$ 40,00, eles eram meus. Seu Arlei me disse para ligar no domingo, depois do meio dia.

Foi o que fiz e, com grande alegria, fui informada de que, de fato, sobraram R$ 40,00 e eu podia passar para pegá-los. Duas pequenas lições brotaram do episódio. A primeira é que foi bom eu ter mantido a calma, em vez de acelerar o envelhecimento das minhas células com um estresse desnecessário. A segunda é que, nas situações mais inusitadas, a gente pode resgatar um pouco da fé no ser humano. Valeu, Seu Arlei!

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