sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Menina moça

Já estava prontinha pra sair para o trabalho. Ao colocar o celular na bolsa, ele começou a tocar. Número estranho, prefixo 81. Atendi e uma voz feminina pronunciou umas palavras que não entendi.

- Como? - perguntei.

Ela repetiu e lá pela 4ª vez compreendi a frase, apesar da voz de sono e do sotaque tão diferente do meu:

- É de residência de Ivan?

- Não, senhora.

- Ah, então você me desculpe, é que aqui na lista telefônica esse número tá como de Ivan, instrutor de natação, ali do lado do clube tal, e eu pensei que fosse a esposa de Ivan.

- Não, senhora, esse número é um celular de Curitiba.

- Então você saiba que mora numa cidade muito linda, viu? Já passei por aí uma vez. E eu falo aqui de Pernambuco. Você já ouviu falar de uma cidadezinha pernambucana que tem a maior festa de São João do mundo, chamada Caruaru? Pois é aqui que eu vivo, numa cidade pequena porém muito linda, viu? E eu preciso é falar com Ivan, que é instrutor de natação da terceira idade, sabe? Porque eu tenho 74 anos, mas não parece, não, viu? O povo me pergunta se eu tenho 64, eu digo "que isso? Tenho 58 só de casada", viu? Em todo caso eu agora só digo que sou menina moça. Então você me desculpe, viu?

- Imagina, não tem problema, não! Um bom dia pra senhora, tá?

- E pra você também, viu?

E foi assim que uma menina moça pernambucana de 74 anos me fez sair de casa já achando graça da vida.

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