sexta-feira, 13 de maio de 2011

Oi, muito prazer, meu nome é otária!

Já faz uns dias que li uma notícia que quero comentar aqui. Se você viu ou leu no jornal, é bem provável que tenha sentido o mesmo que eu: admiração por um gesto e indignação por outro. O caso é o seguinte: um motorista de ônibus, morador de Friburgo-RJ, que perdeu a casa na enxurrada de janeiro, pai de um menino de 14 anos e com mais um herdeiro para chegar, encontrou no ônibus que dirigia um pacote com quase 75 mil reais.

O motorista, Joilson Chagas, devolveu o dinheiro ao dono, um agricultor de aproximadamente 80 anos de idade, que vendeu um veículo para pagar o tratamento de saúde de uma filha. O senhor, emocionado, ofereceu a Joilson uma recompensa de R$ 2.000,00, mas ele não aceitou. Sua atitude ganhou a aprovação da esposa grávida, do filho adolescente e de muitas outras pessoas, como eu e - assim espero - você.

Alguns de seus colegas, no entanto, não consideraram louvável a atitude de Joilson. Enquanto ele descansava na sede da empresa, seu crachá foi jogado na privada, e a parede do banheiro recebeu as palavras "Chagas otário".

A opinião de Chagas não se abalou. Sem demonstrar revolta, ele disse que alguns colegas entendem que ele devia ter usado aquele dinheiro na construção de sua casa, já que perdeu a antiga. Mas o dinheiro não era dele, e Chagas acha que é bom a gente ficar com o que é nosso. A enxurrada pode ter levado a casa e bens materiais do Chagas, mas uma coisa ele não perdeu: a dignidade.

É cedo que a gente aprende a respeitar a propriedade alheia. É quando você chega em casa com um brinquedo estranho, e sua mãe faz você devolver ao coleguinha, pedir desculpa e prometer que nunca mais vai fazer isso. Aí você associa o ato àquela vergonha que sentiu e entende que pegar o que é dos outros é feio. Acho que alguns pais esquecem de ensinar essa liçãozinha básica, e alguns filhos entendem errado a mensagem: feio é ser descoberto, na próxima vez eu escondo o brinquedo da minha mãe.

Sim, eu também gosto de dinheiro, mas só para as coisas que têm uma etiqueta de preço. Quanto vale a sensação de ensinar a coisa certa ao seu filho? Quanto vale deitar a cabeça no travesseiro com a consciência tranquila? Quanto vale o caráter, a decência, a honestidade? Quantos malandros não valem um único Chagas?

Por essas e outras, estou com você, Chagas, prefiro ser otária!

Clique aqui para ver a reportagem.

Um comentário:

  1. Eu ainda não tinha visto esta notícia, fui lá ler e achei incrível a atitude do motorista.
    Para mim, integridade não tem preço. Ele está ensinando ótimos valores para o filho.
    Bjoss

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